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3 de dez. de 2010

心配 - Shinpai (Preocupação)

Nesses últimos dias, a coisa parece mais forte que antes. Indicações, avisos, recados, sermões, intimações,  elevações do tom de voz, tentativas mal-sucedidas de proibições, escopo de instâncias superiores. Um processo jurídico? Que nada, este é apenas o retrato da vida de um jovem recém(ou não tão recém)-saído da adolescência, que, em busca de arejar novos ares e vivenciar novos episódios, encontra sua primeira barreira dentro de casa. 

Uma mãe pode ser um barreira bem complicada de se lidar, a princípio por se tratar de uma instituição reguladora da sociedade bem próxima, que te conhece muito mais detalhadamente que qualquer outra. O jogo psicológico é a pior arma que uma mãe pode usar, e não se preocupe, ela irá usá-la, ah se irá. Mesmo que você diga a si mesmo "não estou nem aí para o que ela pensa ou deixa de pensar", no fundo, bem no fundo, nas entranhas de sua subconsciência, aquela pontinha de culpa vai sempre se enraizando, gerando alguns conflitos.

Afinal, que sensação estranha é essa que muitas mães têm de quererem controlar every single step de suas crias? Elas são mães ou proprietárias? Todo jovem quer se libertar de suas amarras, alguns já conseguem se desvencilhar desse emaranhado de "não"s e "estou decepcionada"s bem precocemente, porém, alguns ainda continuam tardiamente nesse processo, just like me. Como superar essa fase?

Em contraponto, enquanto alguns se preocupam demais, outros se preocupam de menos. A cada dia, eu percebo as pessoas muito menos preocupadas com o que acontece à sua volta, mais do que antes. E não estou me excluindo disso. Uma certa apatia parece crescer, sejam nas relações interpessoais como nas relações sociais. Parece tudo tão superficial, plástico, três por quatro. Não sei se é porque estou amadurecendo e descobrindo mais aspectos do mundo, mas parece que, cada vez mais, o mundo se move pelo interesse. Não o interesse natural de procurar o melhor para si, não esse interesse egoísta e necessário; mas sim um interesse egocêntrico e corrosivo. Nesse tipo de interesse, apenas suas vontades urgem, mesmo que você precise passar por cima de tudo e de todos. Hedonismo capitalista na veia. 

Não que eu esteja "culpando" uma estrutura econômica e social pelo comportamento das pessoas, esse cenário é só um reflexo do conteúdo dos seres humanos. Quase tudo parece tender a isso. Seria esse um dos motivos de preocupação de nossas mães?

Apesar de uma visão bem pessimista a princípio, ainda acredito nas ligações baseadas no interesse, porém numa forma menos agressiva. Não conseguir mais acreditar nisso no futuro me preocupa. Bastante.

André L.