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2 de set. de 2010

Os sons


Minha relação com a música começou bastante esquisita. Desde pequeno recebo um enxurrada de músicas dos mais diversos estilos, desde a MPB até o classic rock. Tudo influência de minha mãe. Apesar de ter nascido em um berço relativamente musicado (acho que é uma palavra mais apropriada que "musical"), aquela baderna auditiva que me irritava toda vez que eu queria ver TV em paz nunca fazia sentido para mim. Achava chato, tedioso, apenas barulho. Tenho algumas lembranças, é claro, de gostar de certas músicas, ter certo apreço por alguns artistas, claro. Mas nunca passou disso. Ouvir discos (mãe tem uma coletânea gigante de discos e CDs até hoje)? Aumentar o volume do rádio no último? Não, não era para mim.

Até meus 14 anos, minha ideia sobre música pop era praticamente inexistente. Só ouvia o que tocava nas rádios, com bastante reclamação para desligarem o aparelho, lógico. Britney Spears? N'Sync? Backstreet Boys? Spice Girls? Eram apenas nomes distantes da minha realidade (até hoje o são, mas isso é outra história). Mas tudo mudou no meu primeiro ano de Ensino Médio. Graças a uma amiga, fui apresentando à música pop contemporânea japonesa. Japão, André? Japão sim, caro metafórico leitor. Xing ling dong? Não, isso é chinês, próximo corredor à esquerda. Foi através desses artistas com nomes diferentes e canções não tão assim que eu passei a adquirir o hábito de parar para ouvir, sentir a música.

Foi aí que eu me dei conta de que eu não odiava música. Os seres humanos são mais complexos do que aparentam, ouso dizer que é o ser que mais se transforma, e de uma maneira tão radical. Talvez seja isso o que chamam de maturidade, ou, pelo menos, um vago sinal dela?
Não tenho formação nenhuma. Técnica, estudo, nada que eu possa bater no peito e dizer "eu sei sobre música". Mas amo, adoro essa conjunção harmônica de sons que flui naturalmente. Posso parecer meio brega quando falo sobre esse assunto, mas que se dane. Brega, cri cri, clichê, dou minha cara à tapa: music is my life.

Gosto de cantar. Como disse ali em cima, não tenho estudo nenhum. Canto livremente, canto pela vontade e pelo prazer de cantar. Canto para expressar o que eu sinto, o que eu quero passar pra quem me ouve (nem que seja uma dor de cabeça, haha). Tenho amigos que cantam, a quem tenho muito apreço. Amizades se constróem por causa da música, minhas amizades auditivas, como falo.

Cinco anos se passaram desde meu "encontro". Tenho o costume de sempre estar cantarolando ou dedilhando esquisitamente uma música em qualquer lugar onde eu esteja. Estou sempre com aqueles dois fios pretos que toda mãe odeia grudados no meu ouvido. Sou um ser da (pós?)contemporaneidade, baixo músicas e mais músicas, alimento minha fome pelo novo, pelo que me instiga. Passo pelo setor de Música da universidade com ouvidos atentos, olhos de admiração e uma certeza. Uma certeza.

André L.

3 comentários:

u n h a n u a disse...

isso é uma clave de do. " segura o tchan,amarra o tchan,segura o tchan tchan tchan tchan,tchan!"

André disse...

Hahahaha, sim, minha clave favorita!

AMANA MEDEIROS disse...

Música é vida. Não funciono sem ela. E, tô gostando das tuas esplanações aqui =)